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sábado, 26 de março de 2011

Após polêmica da transposição, rio São Francisco pode abrigar duas usinas nucleares

Thiago Faria/R7
Thiago Faria/R7

Vista do rio São Francisco na região de Paulo Afonso, na Bahia


Estudo preliminar descarta litoral e aponta entre BA e PE como ideal para construção

As duas próximas usinas nucleares do país podem ser construídas às margens do rio São Francisco, que banha cinco Estados do Nordeste e virou alvo de polêmica em 2007 quando o governo decidiu iniciar as obras de transposição, uma das principais vitrines do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Relatório preliminar da Eletronuclear, que chegará às mãos da presidente Dilma Rousseff e dos ministros responsáveis pelo programa nuclear brasileiro, aponta como ideal a área entre Bahia e Pernambuco e praticamente descarta obras na faixa litorânea entre os dois Estados.

Drauzio Atalla, supervisor de novos empreendimentos da Eletronuclear, reitera que essa é uma análise preliminar e que, se aprovada, entraria numa segunda fase, em que a região é “revirada do avesso”. São 20 meses de novos estudos que envolvem mais de 50 profissionais especializados e um orçamento de R$ 20 milhões.

- Escolhidas duas ou três áreas, aí nós vamos fazer as etapas finais, que consistem em virar do avesso a região, sob todos os aspectos: ambiental, saúde e segurança, sócio-econômico e custos de engenharia. Mas já faremos isso sobre áreas com altíssima probabilidade de serem [áreas] muito boas.

Atalla minimiza o impacto ambiental na construção de uma usina nuclear em um rio porque a tecnologia seria diferente da empregada em Angra, onde a água do mar é usada para retirar o calor do sistema, resultando numa grande vazão, algo em torno de 70 metros cúbicos por segundo. Já no rio, uma nova usina teria uma torre de refrigeração, o que reduz para até cinco metros cúbicos o consumo de água. Muito pouco, explica o supervisor.

- O rio São Francisco tem uma vazão garantida de aproximadamente 1.700 metros cúbicos por segundo. E nós estamos falando em 5 metros cúbicos por segundo.

Antonio Carlos Marques Alvim, professor de engenharia nuclear da UFRJ, com PhD em energia nuclear no MIT (Massachusetts Institute of Technology), vê como positiva a instalação de usinas nucleares na região do São Francisco.

- Haverá a possibilidade de desenvolver a região, as indústrias ao redor etc. porque esse tipo de usina traz um certo crescimento econômico, então eu acho benéfico para o Nordeste. Na Europa há várias usinas nucleares perto de rios, de lagos.

Sem entrar em detalhes, o professor e físico nuclear José Goldemberg, do IEE (Instituto de Eletrotécnica e Energia) da USP (Universidade de São Paulo), defende que a expansão do programa nuclear seja revisto, bem como a construção de usinas nucleares ao longo do Rio São Francisco.

Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace, também discorda do projeto e prevê impacto negativo na região.

- O Nordeste nem sempre tem uma ampla disponibilidade de água, ao contrário, nós temos várias épocas críticas e a geração nuclear consome muita água. Já houve no mundo casos de usinas nucleares que depreciaram o nível de água de rios próximos, e provocaram até a seca desses rios.

No total, o programa nuclear do país prevê quatro usinas nucleares até 2030, duas no Nordeste e duas no Sudeste, além de Angra 3, que já está em construção e deve ficar pronta até 2015. No Sudeste, os estudos nem começaram. Até agora, o acidente em Fukushima, no Japão, embora tenha acendido um alerta para questões de segurança, não alterou os investimentos do Brasil em energia atômica.





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