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sábado, 26 de março de 2011

Programa nuclear brasileiro prevê mais quatro usinas e segue inalterado apesar de acidente no Japão

Divulgação/Eletronuclear
Divulgação/Eletronuclear

Angra 1, a primeira usina nuclear brasileira, está em operação desde a década de 80; acidente com
reatores em Fukushima, no Japão, gerou discussão mundial sobre o uso de energia atômica


Diferentemente de Angra 3, que deve ficar pronta em 2015, novas obras não saíram papel

O acidente em Fukushima, no Japão, após um terremoto seguido de tsunami, colocou em xeque os investimentos em usinas nucleares no mundo. No Brasil, até agora, não há qualquer alteração no programa nuclear que, além de Angra 3, no Rio de Janeiro, prevê mais quatro usinas até 2030, duas no Nordeste e duas no Sudeste.

A postura do Brasil contrasta com a de alguns países. Alemanha, Suíça, Israel e Itália, por exemplo, já anunciaram, após Fukushima, que vão repensar seu programa nuclear.

O único recado do Ministério de Minas e Energia, por enquanto, é de que “todas as usinas nucleares brasileiras passarão por testes de segurança, que serão realizados por técnicos da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e da Eletronuclear”.

O ministro Edison Lobão também informou que as obras de Angra 3 não serão interrompidas e que o governo continuará a produzir urânio.

- No momento, vamos fazer uma avaliação, assim como os outros países também estão fazendo.

As obras de Angra 3 devem ser concluídas até 2015 e foram incluídas no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), principal vitrine da área de infraestrutura do governo federal, cujo investimento total chega a R$ 10 bilhões.

Reavaliação

A terceira usina nuclear brasileira abrigará um dos 62 reatores que devem entrar em operação no mundo nos próximos anos, segundo dados da World Nuclear Association. Mas esse número e as mais de 400 usinas nucleares planejadas e propostas ainda podem sofrer um revés dependendo das consequências de Fukushima. Hoje, são 443 operando em 47 países, o que corresponde a 15% de toda a eletricidade produzida no planeta.


Há quem discorde da necessidade de o Brasil investir em usinas nucleares. Para o professor e físico nuclear José Goldemberg, do IEE (Instituto de Eletrotécnica e Energia) da USP (Universidade de São Paulo), a previsão do Ministério de Minas e Energia sobre a demanda de energia até 2030 é arbitrária e, se realmente necessária, poderia ser facilmente produzida com outras fontes como expansão do parque hidroelétrico, biomassa e energia eólica, que são menos perigosas.

Para ele, o programa nuclear brasileiro deveria ser reavaliado.

- A primeira medida a tomar é analisar as condições de segurança dos reatores e das medidas necessárias à proteção da população em caso de acidente. Estas providências podem incluir – como já ocorreu na Alemanha – a “aposentadoria” de reatores antigos.


Goldemberg enfatizou que não existem usinas nucleares 100% seguras nem aviões inteiramente seguros.

- Acidentes podem ocorrer em qualquer equipamento moderno. Os reatores de Angra não são nem piores nem melhores do que as centenas de outros que existem no mundo e não é preciso um terremoto e tsunami para danificá-los.

Antonio Carlos Marques Alvim, professor de energia nuclear da UFRJ, e com PhD em energia nuclear no MIT (Massachusetts Institute of Technology), discorda. Na sua opinião, o país acerta em investir em energia nuclear e deve continuar investindo. Ele argumentou que é uma energia limpa, que não emite CO2 como as hidrelétricas, e minimizou seus impactos.

- Toda tecnologia tem seus impactos. Nós não podemos deixar de contar com essas tecnologias em função de um possível medo (...) nós temos a sexta reserva de urânio do mundo, nós dominamos a tecnologia, todo o ciclo dela, e ignorar isso seria irresponsável.


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